Breve História Estuque em Portugal


  O Início

Os mais antigos vestígios de estuque existentes em território nacional remontam à época romana, e foram encontrados sob a forma de fragmentos, em estações arqueológicas como Conímbriga, Tróia e Marco de Canavezes. Da Idade Média são conhecidos fragmentos de estuque da Igreja Matriz de Mértola, do tempo em que a mesma era uma mesquita mulçumana.
No Séc. XVI (Período Manuelino), são efectuadas trabalhos de estuque para decorar as janelas do andar superior da Charola da Igreja do Convento de Cristo (Tomar). O edíficio era medieval.
É no Séc. XVI, e na região Centro/Sul de Portugal - Portalegre, Santarém (Capela do Milagre) , Évora (Igreja Espírito Santo) , Montemor o Novo e Estremoz (Conv. N. Srª da Conceição), entre outros, surgem casos pontuais, de trabalhos em estuque relevado, de cariz, Maneirista. Também em Lisboa, alguns trabalhos, que destacamos o Convento de Santa Marta e em Coimbra (Colégio de Sto Agostinho).
Decerto haveria mais exemplos de estuque relevados em Lisboa, mas o terramoto apagou por completo todas as formas de arquitectura existentes.
Não há certezas sobre a introdução das técnicas de execução de estuque em Portugal, a partir do Séc. XVI, mas julga-se que a influência chegou de Itália.

  Os Estuques e o Barroco em Portugal (Séc. XVIII)

De Itália surgiam os novos conceitos aquitectónicos desenvolvidos por Bernini e Borromini, e o estuque foi um meios de expressão do Barroca. Numerosos mestres e discípulos emigram, para o centro da Europa e chegam também a Portugal, essas tendências arquitectónicas e decorativas.
Chegam a Portugal três figuras de vultos, 2 italianos (
Giovanni Grossi e Nicolau Nasoni) e 1 arquitecto alemão (Ludovice) de influência italiana.

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Nicolau Nasoni -

           Chega á cidade do Porto ( ver biografia ) em 1725. A experiência em ter trabalhado em obras efémeras valeu-lhe o amadurecimento. As suas primeiras obras de pintura mural datam de 1725, na Sé do Porto. Pinturas, talhas e marmores tendiam para uma apropiação total do espaço, predominando sobre a arquitectura medieval existente. É nesta apropiação que se desenvolvem os estuques, após a sua fama se ter espalhado no Douro. Edíficios profusamente decorados, onde os estuques assumem grande relevo, são a marca das suas produções arquitectónicas. Destaca-se o
Palácio do Freixo.

      
- Convento de Mafra e o Arquiteto Ludovice

          O ouro proveniente do Brasil, proporcionou que D. João V ordena-se, que fosse construído o convento de Mafra. Este foi construído sob a influência do fascínio deste rei por Roma, onde recolheu diversas informações e cujo projecto foi elaborado por Ludovice durante seis anos. Iniciado a construir em 1717, éum gigantesco empreendimento, que influenciou todas as áreas artísticas. Foi uma escola de arte. Os estuques foram utilizados em situações pontuais, tais como a Sala do Capítulo, fazendo com que o estuque fose um material decorativo por excelência.

       - A Aula de Estuque e Desenho - Giovanni Grossi

           A chegada de Grossi, a Lisboa, em 1748, vai impulsionar o desenvolvimento das Artes Decorativas envolvendo os Estuques, uma arte e um ofício que se encontra em voga na Europa. No entanto afirmamos, que antes de Grossi chegar a Portugal, o estuque trabalhado/relevado já se efectuava em algumas casas de nobres e igrejas, mas não com a exuberância artística do estuque barroco efectuado no centro da Europa e Itália. Grossi, desenvolveu um esquema artístico com um traço muito própio. As alterações das normas de construção de edíficios, que se deram depois do Terramoto de 1755 , a reconstrução de uma cidade, a reconstrução de casas nobres e Igrejas, a política iluminista do Marquês de Pombal, também foram os factores que fizeram proliferar o gosto pela decoração dos interiores. Após ter trabalhado em Espanha, ele teve o seu primeiro trabalho após o terramoto , que consistiu na remodelação do tecto da igreja dos Mártires (Lisboa) e outros templos (Capela da Ordem Terceira de São Francisco a Jesus ou a Igreja dos Paulistas) que foram afectados pelo Terramoto. Face ao excelente que este desenvolveu, é apresentado ao Marquês de Pombal, que o torna seu protegido e mecenas. Em, 1764 face á politica Iluminista do Marquês de Pombal é fundada a Escola de Estuques e Desenho na Real Fabrica das Sedas. , e que têm como responsável Giovanni Grossi. Em 1777 a escola fechou devido ao afastamento do Marquês. Durante 32 anos em Portugal, concentra nele as maiores obras de Estuque relevado a serem efectuadas em Lisboa. Numerosas obras em casas civis, igrejas, residências do reino recebem os trabalhos de estuque relevado. Destacamos Casa de Fresco no Palácio de Sintra, Palácio do Marquês de Pombal em Oeiras, Palácio do Machadinho (Lisboa), Igreja de São Paulo em Lisboa, Palácio Correio Mor em Loures, etc, etc. Numerosos discipulos e gente autodidacta foi impulsionada por este mestre Barroco, para executar estuques relevados.

  Neoclassicismo - Neogótico/Neomanuelino/Neoárabe (Romantismo)

Nos finais do Século XVIII surge uma nova corrente de arquitectura e decoração que se denomina Neoclassicismo . Foi um movimento que originado em obra de carácter histórico e estético , que acompanham e procuram interpretar as descobertas arqueológicas da Antiguidade Clássica. Roma foi a capital mundial da arte. Diversos artistas convergem para esta corrente, e na Arte do Estuque, as formas exuberantes do Rococó, deixam de existir sem deixar de impôr uma grande riqueza ornamental.
São notáveis, especialmente, os decoradores franceses "Estilo Império/Luis XVI " e os Ingleses atingem o seu esplendor com as obras dos arquitectos Robert Adam e James Adam.
Os Estuques modelo Adam predominam no Norte de Portugal, predominantemente na cidade do Porto devido á existência de uma importante comunidade inglesa. No Sul, pelos registos existentes, verifica-se trabalhos no Palácio Burnay à Junqueira (Lisboa) e nos Paços do Concelho de Alenquer.

Nos meados do Séc. XIX, o Movimento Romântico surge como um novo tipo de decoração, em que o estuque se pode considerar dividido em dois grandes grupos. O primeiro, de gosto literário e de exaltação nacional. O segundo, servindo aspectos da arquitectura medieval, e dos Descobrimentos, entre nós voltada para a arte mulçumana e manuelina. São exemplos disso os estuques mouriscos dos Palácios de Monserrate e da Pena, em Sintra e o Salão Nobre do Palácio da Bolsa, no Porto .

  Arte Nova - Arte Deco

Já nos inicios de 1900 os estucadores rendem-se ao prestígio do novo estilo, então em voga nas artes decorativas : A Arte Nova, na sua variante mais chegada ao Rococó ou a um vegetalismo elaborado e estilizado, em que certos aspectos florais são dominantes. Embora pouco vulgares estes estuques são fracamente notáveis e situam-se até ao final da década dos anos vinte, sendo o Norte de Portugal onde existem os melhores espécimes.

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