História Estuque em Portugal - Giovanni Grossi - Estucador Barroco em Lisboa


Em Lisboa, durante a primeira metade do séc. XVIII, o estuque relevado foi utilizado com alguma
predominância na decoração de espaços civis e religiosos. Embora o terramoto de 1755 e as
sucessivas mudanças de estilo tenham desfeito muitas destas decorações, ainda chegaram até nós (Casa de Fresco dos Condes de Aveiras em Belém, capela do Senhor dos Passos no Convento de Santos-o-Novo, Convento dos Grilos, etc).

A chegada de Giovanni Grossi a Lisboa por volta de 1748, com 29 anos, não trouxe, uma nova arte decorativa. Lisboa já conhecia o estuque decorativo, utilizava-o na decoração das suas casas nobres e espaços religiosos. Embora sem a exuberância artística do estuque barroco que se fazia na Europa Central ou em Itália, tinha uma qualidade adpatada ao quotidiano que se vivia em Lisboa.

Ornamentação Estuque Estilo Barroco O terramoto foi um meio de se efectuar trabalhos de restauro e melhoramento de templos religiosos, e assim, Grossi recebeu o seu 1º trabalho para remodelar um tecto da Igreja dos Mártires, e é apresentado ao Marquês de Pombal que o torna seu protegido. Em 1764 é aberta na Real Fábrica das Sedas a Aula de Estuque e Desenho, que têm como responsável, Giovanni Grossi.
Inicia-se uma nova prática na formação de pessoal com a criação de aulas para aprendizes. Estas aulas foram uma inovação na preparação técnica na formação de pessoal, devido á criação de espaços de aprendizagem fora do posto de trabalho. Em 1777 deu-se o encerramento da Aula de Estuque, devido ao afastamento do Marquês de Pombal.

Grossi desenvolveu esquema artístico com uma marca/traço muito próprio dentro das decorações em estuque trabalhado/relevado. A necessidade de decorar espaços existentes como a Capela da Ordem Terceira de São Francisco a Jesus ou a Igreja dos Paulistas, edificios de raíz seiscentista onde a força das linhas arquitectónicas dominava a delimitação do espaço, e que tinham sido profundamente afectados com o terramoto de 1755, levou ao desenvolvimento de esquemas decorativos geométricos onde são os ornatos de gramática rocaille que quebram a estrutura base.

O estuque relevado/trabalhado é caraterizado por movimento, muito ao gosto do Barroco. O movimento é dado por, concheados, plumas, pelos elementos flamígeros e grinaldas de bouquets que se intercalam com cartelas muitas vezes por conjuntos de Anjos que reforçam a assimetria através dos movimentos corporais.

Por outro lado, os espaços civis, como o Palácio do Machadinho (Madragoa), a casa de fresco do Palácio da vila de Sintra, Palácio do Correio-Mor em Loures ou o Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras, Grossi procurou criar decorações globais, onde as paredes e tectos era cuidadosamente estudada eo seu conjunto funciona-se como uma perspectiva.

A oficina de João Grossi foi responsável por decorações de espaços civis e religiosos em Lisboa e arredores.

A importância de Grossi nas artes decorativas setecentista portuguesas ultrapassa quanto a nós a dimensão da área de Lisboa. A articulação entre a aprendizagem formal da Aula de Estuque , onde se adquiriam conhecimentos profundos de perspectiva e de composição de massas, e a aprendizagem em obra, deu aos estucadores da “Escola de Lisboa” um conjunto de conhecimentos sobre a arte de trabalhar o estuque únicos no país.

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